"Não estava ardendo nosso coração quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?"
(Lc 24,32)
E quando não nos arde o coração diante da Sagrada Escritura?
Pior, e quando só há indiferença diante da Palavra que nos é dirigida?
Será que realmente a valorizamos?
Estes questionamentos me invadiram a alma, primeiro ao ler o post "Dicas para leitores na Missa", no Blog: Sou Catequista de Iniciação à Vida Cristã. Também após meditar sobre o Evangelho de hoje e ler um artigo de Dom Odilo P. Scherer sobre a Palavra de Deus.
Por exemplo, na celebração da Santa Missa, quantas equipes de Liturgia entendem que valorizar a Palavra de Deus, é só preparar uma elaborada, ás vezes até exagerada Entrada da Palavra, pois quando não se usa o discernimento, se enfeita tanto com danças e outros artifícios, que mesmo sem ter essa intenção, acabam por desviar a atenção do povo do que realmente importa: receber de modo "solene" o Senhor que nos vai falar por meio de Sua Palavra!
Outra incoerência é ver que, muitas das pessoas que estavam cantando, exaltando, fazendo reverências à Palavra e por fim a aplaudindo vigorosamente quando o sacerdote a ergue, momentos depois, quando ela é proclamada, não lhe prestam atenção, conversam... ou são pais que não tem o bom senso de acalmar suas crianças que choram, gritam, correm pela Igreja...
Quando o padre então nos "explica as Escrituras", como fez o próprio Jesus com os discípulos de Emaús, aí é pra chorar (desculpem a expressão)! Mas parece que no altar se acende uma plaquinha piscando com o aviso "intervalo", sim, pois ministros de música, pessoas da assembléia e outros que supõem ser este o momento ideal, para irem ao banheiro, tomarem água (cadê a sede de Deus?), tomarem um "arzinho", pessoas da Liturgia que vão acertar detalhes do ofertório, avisos que serão dados no final da Missa, enfim, como se diz na gíria, dão-lhe as costas e deixam o Senhor "falando"...
Peço desculpas se exagerei no desabafo, talvez na sua Comunidade seja diferente e louvado seja Deus por isso, mas infelizmente na minha região, salvo alguma exceções, é uma triste realidade. Vejo que é uma falta de coerência que num momento a gente reverencie, aplauda o Senhor, Jesus Palavra, (isso até me faz lembrar Sua entrada triunfal em Jerusalém) mas logo após não damos a mínima para o que Ele fala...
Isto sem falar quando escolhem pessoas com dificuldades importantes de leitura, sem lhes oferecer ajuda e preparo, pois não tem nenhuma condição de proclamar a Palavra, então é a assembléia que é privada de ouvir a voz de seu Deus com clareza.
Os discípulos de Emaús, embora cegos de desânimo e tristeza, a princípio não reconheceram o Mestre, mas, ouvindo atentamente Sua Palavra, puderam mais tarde O reconhecer no partir o Pão.
E quem é indiferente à Deus, na mesa da Palavra, será capaz de reconhecer Jesus, na mesa da Eucaristia?
"É necessário valorizar a Palavra de Deus em todas as celebrações litúrgicas, de modo especial, na Missa. Toda liturgia está impregnada da Palavra de Deus, que nos é proporcionada através das leituras bíblicas, das antífonas e salmos, da homilia litúrgica e de muitas expressões que permeiam, com abundância, todos os textos das celebrações da Igreja. A liturgia é o lugar privilegiado do anúncio e da acolhida da Palavra de Deus. Antes da leitura da Palavra nas celebrações, e também fora delas, devemos invocar sempre o Espírito Santo, para que Ele nos revele o sentido das Escrituras: “Ele vos ensinará toda verdade” (Jo 16,13). Ao mesmo tempo, nossa atitude deveria ser a do discípulo, que senta aos pés do Mestre e, com atenção e interesse, não perde nenhuma palavra ouvida, como fez o menino Samuel: “fala, Senhor, teu servo escuta” (1Sm 3,9); ou, como Maria, irmã de Marta e Lázaro: “Maria escolheu a melhor parte” (Lc 10,42)".
(Dom Odilo P. Sherer, Cardeal Arcebispo de SP)
Oi Cátia,
ResponderExcluirTodos esses detalhes, eu diria que não detalhes, mas "partes fundamentais" da missa, passam desapercebidas aos nossos olhos, digo nosso, pois quantas vezes não conseguimos desligar do mundo lá fora e escutar o que Cristo nos fala, através das leituras, e mais, quantas vezes acontece na nossa frente o milagre da transubstanciação e ficamos ali sem nenhuma emoção aparente, como se nada acontecesse. Deveríamos estar extasiados, pois é Cristo vivo diante de nossos olhos... Como, colocamos a Eucaristia na nossa boca e não sentimos um calor dos pés à cabeça, se Cristo está em nossas veias... Como não refletimos esse Cristo muitas vezes para os outros!! Aí, fico perplexa com a simplicidade de nossa pequena patrona dos que recebem a primeria Eucaristia,Santa Imelda: "Como pode alguém receber Jesus na Eucaristia e não morrer de alegria!". Tanto que ela morreu ao receber sua primeira comunhão...
Desculpa,mas meu coração está inquieto com relação a nossa frieza diante de tão grande mistério!! E nós que pregamos isso em nossas catequeses!
beijo grande!
que nossos corações possam ardem ao ouvir as escrituras e ao partir do pão!!
Olá Cátia, vim deixar um abraço para você!
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