segunda-feira, 5 de setembro de 2011

"Sou católico, MAS, não pratico" (?!!)


"Creio, mas não pratico"
Por Dom Murilo S. R. Krieger, SCJ

Quando, num encontro de amigos, a conversa gira em torno de assuntos religiosos, é comum alguém declarar, com naturalidade e segurança: "Creio, mas não pratico!"
Trata-se de uma afirmação que parece ser tão bem formulada, tão lógica, que, normalmente, ninguém a contesta. Assim, dias depois, em outro grupo, se a discussão for também sobre questões religiosas, é possível que alguém volte a fazer a mesma afirmação. Mais do que uma afirmação isolada, essa idéia de que se pode acreditar sem colocar em prática aquilo em que se acredita é tão comum que já se tornou uma mentalidade em muitos ambientes.

A justificativa desse comportamento varia de pessoa para pessoa. Há aquela que deixou de lado a prática religiosa pela decepção com um líder da comunidade; outra, sem perceber, abandonou, pouco a pouco, sua vida de fé: passou tanto tempo sem ler a Palavra de Deus, sem rezar e sem assistir à missa dominical que, quando notou, já havia organizado sua vida de tal maneira que não havia mais espaço para expressões religiosas; outras pessoas tinham um conhecimento tão superficial de sua religião que, sem grandes questionamentos, a abandonaram. Há, também, as que procuram o batismo dos filhos, a missa de formatura ou de sétimo dia, tão somente como atos sociais.

Afinal, é possível crer sem praticar?
Algumas pessoas deixam a prática religiosa com o argumento de que buscam uma maior autenticidade. Dizem não gostar de normas e ritos: preferem uma religião "mais espiritual", sem estruturas. Esquecem-se de que somos seres humanos, não anjos. Os anjos não precisam de sinais, gestos e palavras para se relacionarem. Nós, ao contrário, usamos até nosso corpo como meio de comunicação. Traduzimos nossos sentimentos com um sorriso ou um aperto de mão, uma palavra ou um tapinha nas costas; fazemos questão de nos reunir com a família nos dias de festa e telefonamos para o amigo, cumprimentando-o no dia de seu aniversário; damos uma rosa para nossa mãe e nos encantamos com o gesto da criança que abre seus braços para acolher o pai que chega.
Como, pois, relacionar-nos com Deus tão somente com a linguagem dos anjos, que nem conhecemos?

A fé nos introduz na família dos filhos e filhas de Deus; nela, é essencial a prática do amor a Deus e ao próximo.
Nossa família cristã tem uma história, uma rica tradição e belíssimas celebrações.
Pode ser que alguém não as entenda. Mas, antes de simplesmente ignorá-las ou, pior, de desprezá-las, não seria mais prudente procurar conhecê-las, penetrar em seu significado e descobrir seus valores?
O essencial, já escreveu alguém, é invisível aos nossos olhos.
Não se pode querer uma fé sem gestos, com a desculpa da busca de maior autenticidade. O Pai eterno, quando nos quis demonstrar seu amor, levou em conta nosso jeito de ser, de pensar e agir. Mais do que expressar "espiritualmente" seu amor, concretizou-o: enviou-nos seu Filho, que habitou entre nós.
Algumas Bíblias, em vez de traduzirem o ato descrito pelo evangelista João, na forma clássica - "e o Verbo se fez carne, e habitou entre nós" (Jo 1,14) -, preferem a expressão: "e armou sua tenda no meio de nós", para expressar a idéia de que Deus, em Jesus Cristo, passou a morar em uma tenda ao lado da nossa.
Em sua primeira carta, S. João dá um testemunho concreto dessa experiência de proximidade: "O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que contemplamos e o que as nossas mãos apalparam da Palavra da Vida (...) isso que vimos e ouvimos, nós vos anunciamos, para que estejais em comunhão conosco" (1Jo 1,1.3).
Ele considerou ter sido uma graça especial ter podido ouvir, ver e tocar o Filho de Deus.
 Jesus, por seu lado, tendo assumido a natureza humana, submeteu-se a ritos: passou noites em oração, foi ao Templo de Jerusalém e frequentou sinagogas.

"Creio, mas não pratico". A fé ("creio") e a vida ("não pratico") não podem estar assim separadas. Por sua própria natureza, devem estar unidas. Uma fé sem obras é morta; obras, mesmo que piedosas, sem fé tornam-se vazias.

7 comentários:

  1. Cátia que artigo maravilhoso, que resposta linda para darmos a esses falsos católicos... conheço muitos assim. Vou levar esse artigo para o blog da paróquia,ok?

    Beijo no coração

    Paz de Cristo!

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  2. Esse texto vou indicar no meu twitter e no facebook! Fantástico mesmo:)

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  3. Olá! É uma grande satisfação visitar seu blog com frequência. Admiro muito a criatividade de meus amigos blogueiros. Hoje quero pedir uma ajudinha de vcs, estaremos lançando em breve em nossa paróquia um JORNAL IMPRESSO, e ele precisa de um NOME.
    CONTO COM A SUA SUGESTÃO! Grande abraço na Paz e no Amor de Cristo,

    Reinaldo

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  4. Oi, vim visitar você e, como sempre, encontro coisas maravilhosas aqui. Fantástica esta postagem do "creio, mas não pratico". Eu também já ouvi muito esta frase, é difícil compreender essa colocação por parte de agumas pessoas, não é mesmo?
    Deixo meu abraço carinhoso pra você.

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  5. Não resisti...foi pro TOP FIVE CATEQUÉTICO da semana lá no blog! Aliás, foi o TOP ONE :)

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  6. Olá! Parabéns pelo blog e pelo excelente artigo! Também faço parte da família de Catequistas Unidos e será um prazer receber sua visita no meu blog (jardimdaboanova.blogspot.com). Que a Paz de Jesus esteja sempre contigo! Um abraço.

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Desejo que suas palavras sejam para maior honra e glória do Senhor Jesus, Paz e Bem!☺

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